Mas descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os confins do mundo.Atos 1,8

quinta-feira, 2 de maio de 2013

altNeste tempo em que vivenciamos o Ano da Fé, nada mais oportuno do que celebrarmos Pentecostes em 2013 proclamando: “Creio no Espírito Santo!” Ensina-nos o Catecismo da Igreja Católica que “Crer no Espírito é professar que o Espírito Santo é uma das Pessoas da Santíssima Trindade, consubstancial ao Pai e ao Filho, ‘adorado e glorificado com o Pai e o Filho’” . Portanto, nós que somos a Igreja, queremos uma vez mais proclamar categoricamente para o mundo uma verdade absoluta que ecoa em nossos corações: o Espírito Santo é Deus, Senhor que dá a vida e procede do Pai e do Filho; com o Pai e o Filho é igualmente adorado e glorificado ! E mais, queremos proclamar que Ele foi enviado pelo Pai – em cumprimento à Sua promessa – para ficar eternamente conosco ; para dar testemunho de Cristo em nós, levando-nos a tomar posse da salvação conquistada por Jesus ; para nos impulsionar a difundir o Reino de Deus neste mundo.

Mas para nos aprofundarmos nesta verdade de fé, precisamos recorrer à imensurável riqueza teológica e doutrinária de nossa Mãe Igreja. Santo Agostinho, ao se dedicar a uma teologia do Espírito Santo conclui que “O Espírito Santo é algo de comum ao Pai e ao Filho; essa comunhão é consubstancial e coeterna... Por conseguinte, eles não são mais do que três: um (o Pai) amando aquele que recebe o ser dele, o outro (o Filho) amando aquele de quem recebe o ser, e esse (Espírito Santo) o próprio amor. E se esse amor não é nada, então como Deus é Amor (cf. I Jo. 4,8.16)?” É exatamente o que cantamos: “O Pai é o que ama, o Filho é o amado e o Espírito Santo é o Amor! É certo que das três Pessoas, o Espírito Santo é a de maior complexidade de entendimento – mas não de acolhimento –, até porque “Espírito” é termo ou atributo que convém também ao Pai e ao Filho; de outro lado o atributo “Santo” igualmente o é: o Pai é Santo e igualmente o Filho. Assim, ao ser-nos revelado como “Deus sem rosto”, podemos falar, com esteio na teologia católica , em uma “kénosis” (esvaziamento de si, dar-se inteiramente) da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade que se revela a nós de modo inefável, íntimo, concreto, por Sua ação em nós.

O Papa Leão XIII, a quem a Beata Elena Guerra escreveu 13 cartas, assim dispôs em seu Magistério: “Aquela divina missão que, recebida do Pai em benefício do gênero humano, tão santamente desempenhou Jesus Cristo, tem como último fim fazer que os homens cheguem a participar de uma vida bem-aventurada na glória eterna; e, como fim imediato, que durante a vida mortal vivam a vida da graça divina, que ao final se abre florida na vida celestial. (...) segundo seus altíssimos decretos, não quis Ele (o Verbo – Jesus) completar por si só incessantemente na terra tal missão, mas que, como Ele mesmo a tinha recebido do Pai, assim a entregou ao Espírito Santo para que a levasse a perfeito término.” Essa operacionalização continuada da salvação em nós é o que podemos chamar de “Vida no Espírito” ou “Nascer de novo” ou ainda “Renascer da água e do Espírito”. O Catecismo nos ensina que “No dia de Pentecostes a Páscoa de Cristo completou-se com a efusão do Espírito Santo que Se manifestou, Se deu e Se comunicou como Pessoa divina: da sua plenitude, Cristo Senhor derrama em profusão o Espírito. Neste dia, revelou-Se plenamente a Santíssima Trindade. A partir deste dia, o Reino anunciado por Cristo abre-se aos que n'Ele creem.” Esta é a maravilhosa obra completada pelo Espírito Santo em nós. A esse respeito a Beata Elena Guerra assim proclamou: “É o Espírito Santo que faz os santos. Aspirar a tão grande destino e não ser devoto do Espírito Santo é uma contradição.”

E o Espírito Santo, simbolizado de diversas maneiras nas Escrituras (água, fogo, pomba, nuvem, óleo da unção, luz, mão de Deus, dedo de Deus, selo) age contínua e poderosamente em nosso meio e o faz tanto mais quanto nos abrimos a Ele. Portanto, como nos ensinam alguns pensamentos da Beata Elena Guerra, Pentecostes é: - "O Pentecostes recorda aos cristãos a presença contínua do Espírito Santo sobre a terra.
Portanto esta solenidade não é só a comemoração de um acontecimento realizado nos tempos passados, mas é a garantia de uma contínua realidade sempre viva entre nós, isto é, a presença do Espírito Santo: dado que Ele está entre nós não menos do que esteve no Cenáculo no dia de Pentecostes, embora esteja inacessível aos nossos sentidos. O Salvador assegura-nos esta presença e permanência"; - "O mistério de Pentecostes é um mistério permanente; o Espírito continua a vir sobre todas as almas que verdadeiramente o desejam"; - "A solenidade de Pentecostes não é uma simples comemoração de tão grande mistério: é a verdadeira renovação porque o mesmo Espírito que visivelmente desceu sobre Igreja nascente, continua a descer invisivelmente sobre os fiéis para acender nos seus corações o fogo do divino Amor."

Por isso, neste Pentecostes renovemos o clamor que sobe aos céus no precioso Hino Veni Creator Spiritus: “Vinde, Espírito criador, visitai as vossas almas; enchei com a graça do alto os corações que criastes. (...) Fazei-nos conhecer o Pai, e revelai-nos o Filho; para acreditar sempre em Vós, Espírito que de ambos procedeis.”

Por Vinícius Simões
Coordenador Nacional do Ministério de Formação